top of page
StudioToyMaker logo-Photoroom.png

Kink Shaming

Atualizado: 23 de ago.

Kink Shaming

Por Mestre Lenhard,

para o Codex Toymaker


Em uma sociedade que prega liberdade e diversidade, é curioso — e revelador — perceber como o desejo ainda precisa se esconder. A intolerância ao que foge da norma continua viva, apenas trocando a censura aberta por disfarces mais aceitáveis: ironia, suposta preocupação ou humor travestido de opinião.

O nome disso é Kink Shaming.


O que é Kink Shaming?


Kink Shaming é o ato de ridicularizar, desvalorizar ou demonizar práticas eróticas consensuais entre adultos que se desviam do padrão sexual considerado “normal” pela moral dominante. Trata-se de uma tentativa de controlar o que deveria ser livre: a expressão do prazer.


Frases como:


  • “Isso é coisa de gente doente.”

  • “Quem gosta disso tem problema mental.”

  • “Nunca será respeitado(a) praticando isso.”

  • “Ninguém vai amar alguém assim.”


...não são apenas opiniões grosseiras. São formas de violência simbólica que negam a legitimidade de um desejo adulto, ético e consensual.


Kink shaming é dizer, em outras palavras: “O que você faz com o seu corpo me incomoda — e eu vou te punir socialmente por isso.”


Opinião legítima não é julgamento moral


Nem toda discordância é preconceito. Ter gostos, limites e preferências pessoais é saudável. O problema aparece quando a opinião ultrapassa a esfera individual e se transforma em condenação pública ou ataque moral.

Situação

Kink Shaming?

Por quê?

“Não gosto de práticas com dor, não combinam comigo.”

❌ Não

Limite pessoal, sem ofensa ao outro.

“Quem sente prazer com dor é doente e precisa de terapia.”

✅ Sim

Patologiza o desejo alheio de forma ofensiva.

“Não pratico bondage porque me sinto vulnerável.”

❌ Não

Expressão individual sem julgamento externo.

“Quem faz bondage é perturbado e não merece respeito.”

✅ Sim

Desumaniza e humilha com base em uma escolha legítima.

A diferença está no alvo: Opinião saudável foca no eu. Shaming fere o outro.


Quando o simples também vira alvo:

o Vanilla Shaming


O preconceito também se manifesta contra quem prefere práticas tradicionais e afetivas. Isso se chama Vanilla Shaming: o desdém ou escárnio contra relações consideradas “simples demais”.

Exemplos comuns:


  • “Você ainda faz amor com carinho? Que vergonha...”

  • “Sexo sem dominação é muito sem graça.”

  • “Hetero demais pra mim.”


Essas frases, travestidas de humor ou ironia intelectualizada, perpetuam a mesma lógica de exclusão do kink shaming: a de que apenas um tipo de prazer merece respeito.


Na verdade, todo desejo consciente e consensual merece espaço e dignidade.


Dois extremos, um problema em comum

Tipo

Definição

Frases Comuns

Kink Shaming

Julgamento e desdém contra práticas alternativas

“Isso não é normal.” / “Você precisa de ajuda.”

Vanilla Shaming

Ridicularização do sexo convencional e afetivo

“Isso é coisa de gente reprimida.” / “Sem graça demais.”

Ambos são formas de intolerância disfarçadas de opinião. E nenhum deles cabe em um ambiente sexual maduro, ético e respeitoso.


Os danos invisíveis: muito além de palavras


O kink shaming tem consequências emocionais profundas. Ele:


  • Incentiva o abandono de práticas prazerosas por medo

  • Diminui a autoestima de quem vive fora da norma

  • Silencia iniciantes e marginaliza comunidades

  • Rompe laços de confiança entre pares


Na prática, o kink shaming sufoca a liberdade e reforça a normatividade com violência simbólica. No Studio Toymaker, criamos acessórios que celebram justamente o oposto: a expressão plena e digna do desejo com estética, respeito e refinamento.


O que diz a lei brasileira?


Embora o kink shaming não esteja nominalmente tipificado em nossa legislação, ele pode configurar crime ou infração civil quando extrapola o direito à opinião e atinge a honra ou dignidade de alguém.

Art. 5º, inciso X da Constituição Federal Garante o direito à intimidade, vida privada, honra e imagem, com indenização por danos morais.
Art. 5º, inciso XLI da Constituição Federal Determina que a lei punirá qualquer discriminação atentatória aos direitos fundamentais.
Código Penal – Artigos 138 a 140 Calúnia (138): Atribuir falsamente um crime a alguém Difamação (139): Ofender a reputação Injúria (140): Ofender a dignidade ou decoro pessoal

Além disso, dependendo do teor da fala, o kink shaming pode reforçar crimes de ódio, como:

  • Racismo e Injúria Racial (Lei nº 7.716/89 e STF)

  • Homofobia / Transfobia (STF – ADO 26)

  • Intolerância religiosa (Art. 208 do Código Penal)


✦ Glossário jurídico rápido

Termo

Significado

Crime tipificado

Conduta prevista em lei com pena específica. Ex: racismo, homofobia.

Conduta discriminatória

Atitude ofensiva que, mesmo sem ser crime, pode gerar dano moral ou consequências civis. Ex: gordofobia.

Opinião legítima

Gosto ou preferência pessoal, desde que não envolva ofensa ou humilhação. Ex: “Essa prática não é para mim.”

Limites do debate: o que está fora do universo kink


Práticas como pedofilia, zoofilia e quaisquer formas de exploração de vulneráveis não fazem parte da cultura kink.

“Práticas como essas não são fetiches: são crimes graves, pois envolvem ausência de consentimento, abuso de vulneráveis e violação de dignidade. Elas pertencem ao campo da patologia criminal — não ao erotismo adulto, responsável e ético.”

Colocá-las no mesmo debate serve apenas para deslegitimar quem vive o prazer com consciência, maturidade e respeito.


Conclusão


Kink shaming não é uma opinião ingênua — é uma forma velada de censura moral. É um reflexo de uma sociedade que tolera a diversidade apenas enquanto ela se comporta como a maioria.


Respeitar o desejo do outro não significa concordar — significa entender que ele não te pertence.

Você não precisa gostar, praticar ou sequer entender. Basta não julgar. O prazer legítimo, consensual e adulto não pede permissão — ele exige dignidade.


✦ Continue a explorar com elegância


🎴 Quer mais reflexões como esta? Assine nossa newsletter e receba conteúdos exclusivos diretamente no seu e-mail.


🖤 Viva seu desejo com autenticidade. Na loja do Studio Toymaker, criamos acessórios artesanais em couro para quem exige estética, qualidade e sofisticação.


📲 Compartilhe este texto com quem precisa compreender a seriedade e o valor do erotismo ético.


Studio Toymaker —

Mais que acessórios: Cultura, Desejo e Elegância.

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page