As principais responsabilidades de um dominante são ajudar a criar uma dinâmica de poder consensual durante o sexo, e talvez também fora do quarto, a fim de criar uma experiência onde sua parceira seja capaz de relaxar e desenvolver melhor sua submissão, experimentando todo o tipo de prazer que vem com isso.
Isso pode ocorrer porque ela acha sexualmente excitante ser dominada, controlada e desejada pelo dominante que não consegue evitar permitir ser usada dessa forma.
Também pode ser porque ela encontra uma sensação de satisfação e orgulho ao cuidar dos outros através de atos de servidão. É papel do dominante fazê-la se sentir segura, protegida, cuidada e relaxada. Ele deve liderá-la, guiá-la, discipliná-la, ao mesmo tempo ser sensível às suas necessidades.
O papel de um bom dominante em um relacionamento D/s é nutrir seus instintos naturalmente submissos, permitindo que ela lhe agrade, mas não de uma forma que a explore, ou seja, emocionalmente abusiva.
Se você tem dúvidas e precisa de um acompanhamento mais próximo para entender como seu um dominante, pense em fazer a minha MENTORIA
As responsabilidades de um dominante constituem um delicado equilíbrio entre dar e receber. Levar seu corpo sexualmente e depois dar cuidados (After Care). Dando a ela um orgasmo, mas tirando sua escolha em tê-los sem primeiro pedir permissão.
Muitos novos dominantes na cena BDSM acreditam que ser um dom tem tudo a ver com sexo, ordens, agressividade e forçar uma submissa a fazer o que você quiser que ela faça. Esse estilo machão heterossexual grosseiro e “comedor” pode até fazer sucesso com mulheres baunilhas (sinceramente eu duvido muito que isso funcione), mas em se falando de BDSM, essa definitivamente não é uma formula de sucesso.
Devido à posição de poder do dominante no relacionamento, seria muito fácil para ele fazer isso. Fazer com que sua submissa faça algo que ela hesita em fazer e depois puni-la se ela se recusar. Fato esse muito comum (infelizmente) em dominantes iniciantes que confundem Dominação Erótica com abuso emocional. Não, meu caro, você não é dominante somente porque passou os últimos 20 anos abusando psicologicamente e as vezes fisicamente de sua companheira ou esposa.
Esta é uma maneira terrível de dominar, e absolutamente não é o que significa ser dominante.
Então, vamos ver quais deveriam ser os papéis e responsabilidades de um dominante em um relacionamento saudável. Venha aprender com um Mestre, a fina arte do BDSM.
Funções e responsabilidades de um Dominante BDSM
Um dominante BDSM em um relacionamento D/s deve seguir os mais altos padrões, especialmente quando espera o mesmo de sua submissa. Já ouviu aquela célebre frase do BDSM brasileiro: “A submissa é o reflexo do seu Dono”, pois bem é sobre isso mesmo que estou falando. Se você espera excelência no comportamento de sua submissa, você Dominante tem que dar o exemplo, não adianta exigir e não entregar nada em troca. BDSM é isso TROCA DE PODER, troca, você leu certo, não só imposição de poder.
1 – O DOMINANTE ASSUME A RESPONSABILIDADE
Em primeiro lugar, você dominante assume responsabilidades na vida, na sua vida e na vida de sua submissa. Aceite quem você é e como chegou onde está. Reconheça seus pontos fortes, mas também suas fraquezas. Sim, nós dominantes temos fraquezas, defeitos e limites. O primeiro passo para se tornar um grande dominante é admitir essas existências, aprender a conviver com elas e ter a responsabilidade de mate-las controladas.
Um Dominante BDSM sério, assume suas cagadas, seus erros e pede desculpas quando necessário. Não é demérito, admitir um erro. Isso não vai te tornar menos dominante, muito pelo contrario, vai fazer você brilhar mais ainda aos olhos de uma verdadeira submissa. Agora se a “submissa” não reconhece esse seu esforço, é ela que não serve para estar com você, isso é um grande indicativo que essa D/s não tem chances de dar certo.
2 – O DOMINANTE TEM RESILIÊNCIA EMOCIONAL
Um dominante BDSM deve se manter calmo, plácido e controlado.
Quando as coisas dão errado na vida, como sempre acontece, um dominante não ataca nem culpa as pessoas ao seu redor. Ele permanece positivo e motivado para resolver as coisas e se esforça para superar obstáculos e ter sucesso em todos os aspectos de sua vida.
Não confunda resiliência emocional com nunca demonstrar emoções. Não há problema em fazer isso. Mas ele faz isso de maneira controlada, de uma forma que não prejudicam os outros física ou emocionalmente.
Trocando em miúdos, a vida adulta não é fácil, trabalho, família, vida social, tudo isso nos afeta. O stress é algo comum no dia a dia, não estou falando para você se tornar o próximo Dalai Lhama, um ser iluminado, isso não é a possibilidade para a grande maioria das pessoas. Depressão e Ansiedade fazem parte do nosso dia a dia moderno, isso ficou bizarramente banal, mas lembre-se você está no controle de uma relação BDSM. Você pode e deve falar dos seus sentimentos com sua parceira(o), pode e deve ouvir os dela, e chegar a uma conclusão consensual.
Nesse momento esqueça um pouco a hierarquia vertical, tenha um bom papo com sua parceira em uma relação horizontal (ambos em pé de igualdade). Se você já está sob alguma pressão social, não deixe essa pressão piorar em sua D/s se obrigando a estar no controle 100% do tempo. Não se descontrole, mas não deixe de mostrar que você também é um ser humano. Isso com certeza trará mais respeito e submissão da sua submissa, se ela for a pessoa ideal para esse tipo de relação.
Se você tem dúvidas e precisa de um acompanhamento mais próximo para entender como seu um dominante, pense em fazer a minha MENTORIA
3 – O DOMINANTE LIDERA
Um Dominante BDSM sério está no comando. Ele lidera de frente, em todas as áreas de sua vida, e principalmente na interação com sua submissa. Isso não significa que ele não ouve a opinião dela ou segue seus conselhos. Ele absolutamente faz isso e cresce como pessoa ao fazer isso.
Ele lidera sem ser um ditador. Em vez disso, ele usa seu domínio para encorajar, desafiar, apoiar e empurrar levemente quando vê a natureza submissa dela segurando-a ou impedindo-a de alcançar o que deseja (assim como ele esperaria que ela o pressionasse se ele estivesse fora da linha, ou precisasse assistência).
Os melhores líderes são aqueles que se comprometem, negociam e ouvem.
Entenda, liderar é muito diferente de mandar. Ser líder é dar o exemplo, é se colocar de frente a batalha da vida e mostrar o caminho. Dar ordens qualquer imbecil faz, mas onde reside a confiança de que seu Dominante vai estar ao seu lado na hora do aperto ou pelo menos na sua retaguarda impedindo que a submissa desista ou fuja?
Liderar uma relação D/s não significa você ir “tretar” com o cara que invadiu o perfil da sua submissa, porque você tem que provar ser o alpha dominante que mijou antes no poste. Isso é mostrar que você não lidera nem a si mesmo. E esse é o ponto principal, antes de liderar os outros, aprenda a se auto liderar. Convenhamos nem todo mundo é um gênio de estratégias militares ou sociais, nós erramos e aprendemos com o tempo.
4 – O DOMINANTE IMPÕE RESPEITO
Um dominante deve conquistar o respeito de sua submissa. Você não pode e não deve tentar dominar alguém que acabou de conhecer. Ela deve confiar, gostar e ter escolhido respeitar você.
Ser submisso significa que você está optando por se colocar em uma posição potencialmente vulnerável. Um dominante deve trabalhar para construir um forte vínculo de confiança e respeito mútuos como base na dinâmica de Dominação/submissão.
Impor respeito não significa exigir que a submissa que você mal conheceu pela internet já lhe chame de Senhor, Dono ou Mestre. Isso surge naturalmente. Impor Respeito, não é sair brigando com todo mundo que emite uma opinião contraria a sua, para que você seja o certo. Tão pouco é ser ovacionado, com milhares de likes em redes sociais por fotos de sessão. Isso não é respeito.
O primeiro respeito que você deve desenvolver é para si mesmo, e o segundo é pelos outros. Conhece aquele ditado: “Respeite para ser respeitado”, pois é disso que estamos falando aqui.
Lógico que em sua relação D/s você não será um ser sério e seco 100% do tempo, afinal de contas somos seres humanos, brincamos, damos risada e erramos no processo. Mas sempre tenha em mente o respeito, por você, pelos outros e principalmente pela sua submissa. Com esse exemplo, ela certamente irá respeitá-lo sem nem mesmo você se dar conta, sendo algo extremamente natural.
5 – O DOMINANTE SE COMUNICA BEM
Os relacionamentos D/s não funcionam sem uma boa comunicação. Período de adaptação e muita, mas muita negociação (e as vezes renegociações) dos acordos.
Ser um bom comunicador significa ser capaz de ouvir, ler a linguagem corporal não verbal de seus submissos, ser direto quando necessário e falar com clareza, de maneira calorosa, amigável e empática.
Você também deve estar disposto a aceitar feedbacks, adaptando seu comportamento quando necessário.
Voltamos ao mesmo ponto: Para ser um bom Dominante, você primeiro tem que aprender a se Dominar. Saiba conversar, sua submissa não é uma máquina de pedidos e exigências. Ela tem necessidades também, e dicas. As dicas das submissas nos tornam pessoas melhores, ainda mais porque elas tem acesso ao nosso lado B que raramente exibimos na vida Baunilha.
O Dominante que não aceita criticas construtivas e não modifica suas atitudes quando necessário está fadado ao fracasso como Dominante. Saber ouvir é a maior qualidade de um Grande Dominante, não é mandar e berrar, fica a dica.
6 – O DOMINANTE DEFINE AS REGRAS
Talvez o papel mais óbvio do dominante. Ele estabelece as regras, definindo como ele gosta que as coisas sejam feitas. Algumas D/s permanecem no quarto, caso em que o dominante seria aquele que ordena que a submissa adote posições, e o que ela pode ou não fazer.
Se a sua dinâmica vai além do sexo, então você pode ter outras regras definidas, como ela ser responsável pela casa, ou buscar uma bebida para você quando estiver com sede, ou permitir que você faça um pedido para ela quando estiver em um restaurante, ou enviar comandos por mensagem de texto.
Mas lembre-se de que essas regras devem ser claras e objetivas. Você deve lembrar das regras. Não adianta tem um contrato BDSM com 20 laudas, cheio de regras que é preciso ser um advogado para compreender cada uma, se no dia a dia você não se lembra de todas elas. Prefira regras simples, acordos bem combinados e funcionais.
Você é o dominante da relação, mas tenha em mente que a regra só será cumprida se for deixada muito bem clara na mente da submissa e na sua. Uma regra viva vale mais do que copiar 200 regras de outros relacionamentos. Não existe receita de bolo no BDSM, crie a sua.
7 – O DOMINANTE DISCIPLINA
Alguns submissos gostam da sensação de serem disciplinados quando erram, ou agirão de maneira malcriada para forçá-lo a puni-los e reforçar que você é o responsável.
Uma demonstração de poder e força é excitante porque é primordial. Ela sabe que se você tiver confiança e assertividade com ela, será capaz de lidar com as ameaças externas ao seu relacionamento (fantasiadas ou reais).
Essa disciplina pode ser uma diversão (como uma palmada despreocupada na bunda se seu sub estiver zombando de você), até uma disciplina rígida e técnicas de correção que você pode encontrar em um relacionamento SM.
Tenho um artigo aqui no blog de 16 tipos de punição para fazer com seu submisso.
Muito importante lembrar que disciplina punitiva deve estar 100% atrelada às regras e acordos criados. Disciplinar uma submissa sem que ela saiba onde errou, ou ser uma punição inventada na hora, não surte o efeito desejado, muito pelo contrario, pode até causar a ruptura d relação D/s em casos mais extremos.
Também deve-se ter em mente que nem sempre a disciplina precisa ser física (bater na bunda por exemplo), muitas submissas atendem melhor à disciplinas sociais, como se retratar publicamente ou se humilhar. Agora, fazer ghosting (sumir ser dar um porque) para punir sua submissa sem explicar, não é disciplina bdsm, é falta de responsabilidade afetiva. O que é extremente diferente de fazer uma “greve” e ficar 1 ou 2 dias sem falar com ela para que a mesma sinta falta da sua dominação, mas deve ser deixado claro que é uma disciplina punitiva, para ficar bem gravado na mente da submissa e ela não errar novamente.
8 – O DOMINANTE CUIDA DE SUA SUBMISSA
Só porque sua submissa gosta de servi-lo ou de ser quem tem menos poder na dinâmica, isso não significa que você a tratará mal. Na verdade, você deveria se esforçar MAIS para garantir que ela esteja bem.
Exemplos incluem prestar bons after cares após uma cena, ajudá-la em decisões difíceis na vida e, em geral, ser um bom parceiro.
No Brasil temos a mania social a alguns anos (não era assim quando iniciei) de chamar as submissas de Posse. Ok eu entendo essa necessidade de possuir alguém, mas você já parou para pensar que isso também objetifica a pessoa?
A partir do momento que a pessoa vira sua posse, ela se torna sua responsabilidade, mas você tende a trata-la como um objeto inanimado sem sentimentos. Um carro ou seu celular é sua posse também, mas você não pergunta para seu carro se ele precisa trocar de óleo regularmente, com se seu celular preciso de uma película nova. Entende onde quero chegar? Submissas não são objetos e, portanto requerem cuidados especiais. Eu particularmente ODEIO a palavra posse para submissas, isso nos impede subjetivamente de vê-las como seres humanos que são e necessitam seres cuidadas.
Dizer que “a submissa é meu bem mais precioso” não é uma frase leviana, afinal de contas o Dominante não é nada sem sua submissa e a submissa não é nada sem seu dominante.
9 – O DOMINANTE GARANTE O ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES SUBMISSAS
Mais uma vez, ser dominante não significa que tudo seja você, você, você. Parte de suas responsabilidades afetivas como dominante é garantir que ambos obtenham o que precisam da parceria.
É por isso que a comunicação é tão importante. Você precisa ser capaz de sair da dinâmica de hierarquia vertical do domínio para ter discussões importantes. Forçá-la a fazer as coisas do seu jeito, usando um comportamento agressivo, sem se preocupar com a segurança dela, não é o objetivo de ser um Dominador BDSM.
Bem vou falar novamente tudo que foi falado acima, acho que não. Mas Lembre-se que a Responsabilidade Afetiva com sua submissa não é um mimimi moderno ou uma besteira inventada para te “dominar por baixo”. Se você decidiu entrar nesse tipo de relacionamento, essa é a sua responsabilidade máxima, garantir que a sua submissa esteja suprida emocionalmente. Sabe porque? Porque ela instintivamente vai retribuir à você sem que você nem precise mandar. Entendeu agora ou precisa desenhar?
Se você tem dúvidas e precisa de um acompanhamento mais próximo para entender como seu um dominante, pense em fazer a minha MENTORIA PARA DOMINANTES
Coisas que NÃO SÃO responsabilidades de um dominante
Lendo tudo o que foi dito acima, você pode ficar se perguntando se a submissa tem alguma diligência.
Não confunda uma submissa com uma tarefa simples. Você deve se lembrar que a submissão, assim como a dominação, diminui e pode sumir dependendo de quem está interagindo e em que situação.
Por exemplo, em público, uma mulher pode ser uma advogada de alto nível, ganhando o dobro do marido. Ela é sociável, charmosa, franca e divertida de se ter por perto. Nessa situação, ela deixa brilhar seus traços dominantes.
À portas fechadas, ela poderia desfrutar de seu parceiro puxando seu cabelo, amarrando-o, tratando-o rudemente, indo para a cama para um coito de quatro na cama e negando orgasmos repetidamente. Ela ESCOLHEU tornar-se submissa naquele momento porque isso a serve de alguma forma.
Essa é uma frase que falo muito e vou repetir aqui: “Ser submissa, não é o mesmo que ESTAR submissa”. Isso quer dizer que a submissa escolhe estar nessa situação. Nunca trate uma submissa bdsm como uma pessoa submissa na vida, esse pode ser um erro crasso no seu desenvolvimento no BDSM como Dominante.
Não cabe a você, como dominante, ditar em quais cenários ela se submete. Isso é algo que você deve negociar e concordar com ela. Se ela quer se submeter a você apenas durante o sexo, mas você quer uma dinâmica de mestre-escrava, não deve forçá-la. Essa não é sua decisão. Você pode declarar o que gostaria, mas esteja disposto a aceitar um não.
Para nós homens, ouvir um NÃO é uma tarefa muito difícil já na vida baunilha. Mas uma dica muito importante, para você dominante iniciante, ouvir um NÃO de uma submissa, não te dá o direito de ser mal educado, agressivo e humilhar essa “submissa”. Ela apenas não quer jogar BDSM com você, você não a agradou como dominante. Aceite, se retire como um Homem e tente novamente. Maltratar a submissa que te fez uma negativa, só irá mostrar que você não é dominante e novidade, elas se comunicam, então com certeza a sua grosseria será repassada para outras possíveis submissas o que vai dificultar muito mais a sua busca por uma parceira BDSM. Fica a dica.
Tome cuidado também para não entrar em um relacionamento co-dependente, onde seu submisso se torne totalmente dependente de você. Isso não serve a ninguém a longo prazo.
Não é função de uma dominante resolver todos os problemas da vida de uma submissa, assim como não é função dela resolver todos os dele.
Também não é papel de um dominante ser SEMPRE aquele que faz as escolhas. Às vezes quero relaxar e não quero ter que tomar decisões. Eu então pediria conselhos à minha parceira ou tomaria uma decisão em meu nome.
Em outras palavras, não é responsabilidade de um dominante ser sempre dominante. Você só pode optar por interpretar o relacionamento D/s uma vez por semana, na noite de sexo de sexta à noite. Isso não faz de você menos dominante do que alguém que se envolve em um estilo de dinâmica 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Cabe a vocês dois criar seu próprio nicho no mundo BDSM. As funções e responsabilidades servem como ponto de partida, mas não são de forma alguma rígidas ou completas.
Torne o relacionamento seu, desde que o faça de maneira segura, sensata e consensual.
Perfeita a matéria. Agora uma dessas para as bottons! Será ótimo.
Sempre esclarecedor, muito bom. -Jemma