Uma das primeiras coisas que quase todos os Dominantes lhe perguntarão é: quais são os seus limites? Você encontrará isso algumas vezes no bate-papo, no jogo e ao negociar um relacionamento com um novo Dominante. Se você estiver jogando com um novo Dominante e essa pergunta não for feita, meu conselho é não jogar com essa pessoa.
Já ouvi Dominantes dizerem que não jogam BDSM com palavras de segurança ou limites porque sabem o que estão fazendo. Como um Dominante pode saber se você tem problemas de saúde ou gatilhos ou está simplesmente com medo de alguma coisa, a menos que você conte a eles? Você tem o direito de se proteger, esteja jogando com base de filosofia ética SSC ou RACK.
Então, quais são os limites? Um limite é algo que você não deseja fazer, seja por escolha ou por necessidade. Os limites estabelecem o que você permitirá ou não no jogo ou no saque, e podem até se estender a qualquer interação com um Dominante.
Tipos de limites
Limite Rígido
Um limite rígido é algo que você não fará em nenhuma circunstância. Para mim, isso incluiria scat, ageplay ou rapeplay (realmente não me dá o menor tesão algo forçado), mas eu sou dominante e muito em breve falarei sobre os limites dominantes, sim eles existem.
A submissa estabelece muitos limites devido a uma objeção de valor – seja algo que você sente que vai contra o seu código moral ou que o critica. Outros limites são devidos a objetivos de saúde – use excrementos na cena e o vomito será inevitável. Você não vai querer sua parceira vomitando durante a sessão (a menos que isso seja o fetiche de vocês aí desconsidere o que falei)
Limite Flexível
Um limite flexível é algo que, neste momento, você não quer fazer, mas seu Dominante pode te convencer. Ou pode ser algo que você fará apenas com um Dominante específico ou em uma situação de jogo específica.
Isso poderia ser uma prática como Fireplay. Uma bottom que já me serviu, sentia muito medo de fogo, mas mesmo assim tinha o desejo de testar. Lógico que vendo outros maus exemplos com pouca segurança, ela imediatamente colocou como um limite que poderia ser superado, mas com a pessoa certa. É um jogo extremo, e não só exige muito da bottom, mas também tem efeitos duradouros, por isso pode ser encarado como um limite flexível.
Estabelecendo Limites
Como você estabelece limites quando é novo e não conhece todas as possibilidades?
Um potencial Dominante pode pedir que você preencha um Check List BDSM. Aqui no Blog você pode encontrar a nossa versão da lista de verificação BDSM, neste link. É uma listagem totalmente em português e em PDF preenchível, sugiro fortemente que experimente, ajuda muito.
Esse tipo de lista ajuda você a conhecer os termos das praticas BDSM, e ao mesmo tempo gera perguntas importantes para fazer ao seu futuro dominante ou submisso. Também sendo uma ótima maneira de mostrar o conhecimento da outra pessoa, se é real, ou se ele(a) só faz copia e cola de informações de outras pessoas na internet. Muitas dessas atividades podem ser desconhecidas para você e com o tempo irei trazendo essas informações aqui no Blog ou você pode entrar em nosso grupo de estudos o Kinky Society (totalmente gratuito) através desse link, e estudar BDSM com seriedade.
Conhecendo melhor as atividades e praticas dentro do BDSM, você pelo o menos terá uma base para definir se é algo do seu agrado, desejo ou que você nem quer pensar porque te corta o tesão. Ai que está, para resumir, limite rígido em outras palavras é o que te corta o tesão completamente, e limite flexível é algo que depende de quem, quando e como se é apresentado. Simples não?
Se você gosta ou não de uma atividade é uma questão de escolha, gosto e experiência pessoal. Por exemplo: puxar o cabelo seria ruim em um ambiente normal, mas muitos Dominantes usam isso como um movimento de poder. Torna-se uma coisa sensual em vez de 'ai, pare com isso!' Tudo bem se algo não parecer do seu gosto. Explique seus medos, objeções ou desgostos ao seu Dominante. Não tenha medo de permanecer aberto às possibilidades ou de manter seus limites rígidos. É a sua jornada!
Esses limites (mesmo os limites rígidos) não precisam ser imutáveis. Você pode revisá-los ocasionalmente ao ver cenas interessantes em festas ou expandir sua aceitação de riscos. Seus limites mudarão à medida que você experimentar, crescer e mudar.
Comunicação
A coisa é simples, todos nós temos limites, isso é fato. Existem os limites flexíveis e os rígidos, e mesmo assim com limites você pode se submeter aos seu Dominante. Tudo depende da comunicação.
Limites flexíveis podem ser avançados e superados, CASO os casal se comunique e concorde com essa ação. Quem vai determinar o momento para que se possa avançar com o limite flexível é a parte que tem o limite referido, quase sempre é a parte submissa, embora muitos dominantes também tenham limites flexíveis apesar de não admitirem. Não, a submissa não está “comandando” a D/s nesse momento, ela está apenas se resguardando para que esse limite flexível não se torne um rígido e isso atrapalhe a relação de vocês e a confiança que ela deposita no Dominante.
Limites rígidos por sua vez, são INTRANSPONIVEIS. Em grande maioria limites rígidos são problemas de ordem psicológica, social ou física muito severos. Não, um limite rígido, não é “frescura” da parte submissa para não fazer alguma coisa que seu Dominante queira. Lá atrás na fase de negociação, o Dominante já esteve ciente dos limites, se não o fez, foi uma falha no processo.
Um limite flexivel pode vir a se tornar rígido, caso não seja tratado com a delicadeza que merece, com muita comunicação, aceitação e compreensão. Da mesma forma, um limite rígido pode se tornar flexível, se todo o processo for respeitado, com tempo e amor, podendo até mesmo em algum momento da vida (sem pressa) deixar de ser um limite. Embora limites rígidos devam ser encarados como limites de necessidade clínica, tendo que buscar um profissional especializado (psicólogos, psiquiatras, etc.) para tratá-los. Você Dominante é o parceiro de vida da parte submissa, não é seu terapeuta ou psicólogo (por mais que essa seja a sua profissão, você está envolvido emocionalmente).
Existe lógico a possibilidade de um submisso tentar fazer a “dominação por baixo” e usar frases como: “não, não vou permitir que você faça isso” ou “sim, isso eu permito que se faça”. Nesse caso deixou de ser uma relação hierárquica D/s de um BDSM sadio, para uma relação de inversão de papeis muito prejudicial para ambos. Portanto sugiro que repensem e se comuniquem, pois uma relação BDSM assim, não vai surtir frutos.
Uma das principais regras de um Dominante deveria ser: PROTEGER SEU BRINQUEDO. Isso não é só zelar pelo seu bem estar físico, mas também o emocional, psicológico, social e até mesmo espiritual para algumas pessoas. E é justamente aí que entram os limites. Nessa de “proteger o seu brinquedo”, o Dominante vai ter o desejo natural de tirar o bottom da sua zona de conforto, mas para isso tem que existir uma COMUNICAÇÃO muita assertiva, clara e honesta sobre os limites como eu já mencionei acima (se não entendeu leia novamente uma 20 vezes até entender).
Pode ser também que durante uma sessão de jogo BDSM, a parte submissa acha que não tem limites e pode acompanhar o rítmo do seu Dominante sem mazelas. Apesar de ser um momento excitante, a dica é, não negue seus limites para impressionar um dominante.
Da mesma forma nunca diga “Eu não tenho limites”, porque isso não é verdade. Seus limites podem ser muito altos para dor, mas pode ter limites baixos para gatilhos psicológicos. A realidade é que você talvez não tenha explorado a fundo os seus limites, e por essa razão acredita não possuí-los. Explore toda a miríade de possibilidades de limites e relate-os, isso vai ajudar mais do que você pensa.
Avançar na nossa pratica BDSM, evoluir em nossas práticas e ser melhor é um dos objetivos atrelado ao prazer, mas para que isso aconteça fique atento aos Limites. Eles existem não para acabar com o jogo, mas para deixar todos mais alerta e ajudar na nosso crescimento pessoal. Não tenha medo de ter limites, também não permita que ninguém menospreze os seus. Quanto mais consciente você estiver dos seus limites melhor será, apenas não deixe que eles te dominem.
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